Cinque Terre
MR 023. Povos indígenas e expressões contemporâneas do colonialismo
Alexandra Barbosa da Silva (UFPB) - Coordenador/a, Pablo Quintero (UFRGS) - Participante, Andrey Cordeiro Ferreira (UFRRJ) - Participante, Vanessa Hacon (UFRRJ) - Participante, João Pacheco de Oliveira Filho (Museu Nacioonal/UFRJ) - Debatedor/a
Mais do que encerrar fenômenos, a noção de colonialismo remete a questões que estão longe de serem esgotadas. Centrada na ideia de agentes e de espaços de poder estendendo domínios sobre povos e territórios, suas expressões estão fundadas em relações de dominação, mas suscitando interações e interstícios pouco compreensíveis a partir da dicotomia dominador(es) X dominado(s). A presente mesa, assim, acompanha a proposta de J. e J. Comaroff, de base histórica, atenta a “dialéticas de troca, apropriação, acomodação, luta.” A “questão colonial” não se prende, pois, a um passado, mas é fundamental na (re)produção das dinâmicas sociais hoje. Na América Latina, África e Ásia, o ciclo de investimentos estrangeiros e aquisição de terras iniciado nos anos 2000 não apenas intensificou conflitos e processos de desterritorialização, como evidenciou situações de neocolonialismo e colonialismo interno. Aos processos expropriatórios impulsionados pelo neoextrativismo somam-se, em uma “agenda verde", formas de controle da terra e de exploração dos recursos, apoiadas sobre distintos mecanismos de governo e formas do poder estatal. Expandem-se e diversificam-se processos de controle da força de trabalho, exercícios de violências epistêmicas e físicas sobre populações, governo de territórios e mercantilização da natureza, na reprodução e expansão do capitalismo. Esta mesa, então, propõe considerar como os indígenas fazem face ao (continuado) desafio de produzir respostas nesta complexidade.
Resumos submetidos
Colonialismo interno, Neocolonialismo, Colonialidade do Poder: Contribuições, limites e problemas dos modelos teóricos sobre os povos indígenas e as situações coloniais na América Latina
Autoria: Pablo Quintero
Autoria: O objetivo central deste work é historizar e analisar criticamente os três principais modelos contemporâneos de análise teórico-conceitual sobre as relações entre os povos indígenas e situações coloniais na América Latina. Com diversas vertentes estes modelos poderiam se nuclear nas categorias conceituais de colonialismo interno, necolonialismo e a mais recente colonialidade do poder, que tentam repensar a estruturação das sociedades latino-americanas a partir das experiências histórico-processuais e da “questão colonial”, em tanto eixo articulador das relações sociais. Cada uma dessas propostas tem feito importantes contribuições para a compreensão da inserção dos povos indígenas dentro dos tecidos das relações do sistema colonial e pós-colonial, mas também cada uma delas demonstra limites analíticos e problemas epistemológicos.
Governança ambiental global, povos indígenas e novas formas de colonialismo
Autoria: Vanessa Hacon
Autoria: O presente artigo problematiza como mecanismos de governança ambiental global (como o REDD+) se inserem em novas estratégias de dominação colonial e imperial. O mecanismo de REDD+ - sigla para redução das emissões por desmatamento e degradação florestal – surge no bojo das discussões acerca das mudanças climáticas realizadas no espaço transnacional das COPs e visa combater a perda de florestas tropicais, em grande parte localizadas na periferia do capitalismo. Tomando por base este cenário, este work pretende avançar em uma análise da implementação de projetos de REDD+ na periferia e semi-periferia do capital– e para tal nos valeremos do caso do Projeto Carbono Florestal Suruí. É objetivo do artigo caracterizar esta governança e sua respectiva política, entendendo as distintas escalas, seus respectivos atores e repertórios como parte de um único campo.
Territorialidades a apropriações de espaços públicos: práticas juvenis negra em cidades de pequena escala
Autoria: Andrey Cordeiro Ferreira
Autoria:

Nosso objetivo é refletir como as categorias imperialismo, situação colonial e colonialismo interno são fundamentais para compreender os conflitos territoriais contemporâneos. O imperialismo pode ser entendido como um sistema internacional de relações de dominação e dependência, organizados em redes que vão do global ao local, estruturando relações de dominação e poder entre Nações, classes e grupos étnicos. O imperialismo engendrou dois tipos de colonialismo, o internacional e o colonialismo interno, que entraram em crise com o movimento de descolonização e passaram a segundo plano. Em meados dos anos 2000, contudo, um novo ciclo denominado de neoextrativismo impulsionou uma nova onda global de investimento estrangeiro e colonialismos, e para sua devida compreensão a antropologia pode dar uma importante contribuição, especialmente no estudo do territorio e sistemas politicos.