Cinque Terre
MR 022. Oriente Médio, conflito e refúgio: problematizando categorias e politizando o debate
Gisele Fonseca Chagas (Universidade Federal Fluminense) - Coordenador/a, Mirian Alves de Souza (UFF) - Participante, Gustavo Baptista Barbosa (Ministério das Relações Exteriores) - Participante, Silvia Montenegro (CONICET) - Participante, Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto (Universidade Federal Fluminense) - Debatedor/a
A transformação da gestão do refúgio enquanto “questão humanitária” deve ser acompanhada da contextualização histórica e do debate político em torno dos conflitos que o provocaram, uma vez que a ideia abstrata do refúgio despolitiza as práticas e os atores envolvidos. Tendo como ponto de partida pesquisas empíricas sobre refugiados sírios e palestinos no Brasil, na Argentina e no Líbano, a Mesa “Oriente Médio, conflitos e refúgio: problematizando categorias e politizando o debate” propõe discutir como a questão do refúgio tem sido mobilizada e gerida pelos distintos atores (Estados, ONGs, mídia, trabalhadores humanitários) à ela atrelados, focalizando nos debates sobre as diferenças entre um refugiado, um solicitante de refúgio, um imigrante e um portador de visto humanitário. Objetiva-se refletir sobre os modos pelos quais os conflitos do Oriente Médio se reverberram na diáspora sul-americana, considerando pensar o papel das comunidades de imigração locais, atores humanitários, estados de acolhida e do próprio fazer antropológico no que Liisa Malkki (1995 ) chama de “a ordem nacional do mundo”. Como realizar trabalho de campo em situação de conflito? Como o trabalho antropológico pode contribuir para o debate público em torno da questão do refúgio e dos direitos humanos?
Resumos submetidos
Categorias em risco: Populações Imaginadas, Etiquetagem e Estatística num Campo de Refugiados no Líbano
Autoria: Gustavo Baptista Barbosa
Autoria: Mostro neste work a natureza problemática de algumas categorias - as "populações imaginadas" - com as quais trabalham estatísticos e agentes públicos. O que categorias e etiquetas generalizantes - como "Líbano" e"palestinos" -, que aparecem nos estudos estatísticos, efetivamente significam? Em tais generalizações, o que termina silenciado? Argumento aqui que palestinos, assim como outros setores da população, alguns libaneses inclusive, enfrentam obstáculos para inclusão social e econômica. Neste sentido, em que pesem os esforços do nacionalismo palestino em promover a particularidade do caso palestino, há muito em comum entre Chatila, o campo que pesquisei, e outras áreas empobrecidas do Líbano. Ao aceitar os termos do nacionalismo, estudiosos aprofundaram a alteridade palestina, ignorando outras formas de pertencimento, como classe, que talvez ainda sirva para mobilização política.